Monólogo
Reflexões do
eu observador
Qual será
minha próxima máscara, uma máscara por meio da qual vou conseguir esconder mais
um problema e mais uma vez me iludir?
Tudo me
agrada e nada me prende, quero ser muitos e não sou se não eu mesmo, um eu mesmo
que, francamente, nem mesmo conheço bem.
Digam aquilo
que eu tenho de fazer e eu vou lá e faço, pronto!! BUM!BUM! RAIOS, mas pare de
pensar, pelo amor de deus!
Me escondi
atrás do eu inferior orgulhoso, que nunca precisou de ninguém. Não gostava de
redes sociais. Me isolei de situações e momentos de vida que eu poderia ter
aproveitado. Meu eu inferior recluso e fechado me dominou de tal modo que não
consegui perceber.
Me chamavam
de velho, enquanto sou jovem; de mendigo, enquanto tenho beleza; de perdido,
enquanto quero incansavelmente me encontrar.
Tentei,
realmente tentei encontrar algo com que me prendesse.
Mas quem sou
eu agora? Atrás de que máscara estou me escondendo? Quero voltar a ser a pessoa
que, quando acorda, não precisa pensar 20 minutos sobre a vida. Sobre o que eu
fiz e deixei de fazer, e depois disso, saber que esses 20 minutos foram
inúteis, pois o tempo é contínuo.
E como o
tempo é contínuo, e a única pessoa que certamente estará comigo durante todos
os momentos da minha vida sou eu mesmo, então minha imagem auto idealizada é de
uma pessoa motivada, criativa e inteligente. Um eu superior que transita pelas
três esferas dos tipos de personalidades.
A máscara
atrás da qual me escondi esse tempo todo foi a do isolamento, talvez uma saída
de defesa romântica para minha derrotas.
Eu sai dessa
máscara, quis enfim derrotá-la e eu precisava de um motivo para isso. Meu último
resquício de orgulho era ela, o local onde eu realmente um dia pude me encontrar.
Quando ela se foi, junto foi a máscara, de modo que agora percebo um tempo
perdido e um motivo para mudar.
Poderia
ainda pensar que, no momento, me escondo atrás da máscara que eu chamo de
transformadora, por meio da qual me sinto livre para me desapegar às coisas com
facilidade. Teorias e fundamentos que antes eu acreditava, hoje já não fazem
mais sentido, e dessa maneira, a máscara transformadora tem sido minha grande
invenção.
Ela tem sido
capaz de me fazer desapegar a velhas premissas autodestrutivas e transformá-las
em conclusões cujas premissas são a liberdade, o desapego e o anti-orgulho.
Talvez nem
seja de fato uma máscara fixa, mas um novo corte de cabelo, que está me
ajudando a atravessar a margem do eu inferior para a margem do eu superior, onde
minha auto-imagem pretende transitar por um bom tempo, e vai transitar por um
bom tempo, pois a vontade foi despertada pelo eu observador, ou seja, por mim
mesmo.
E nesse
momento de transição, de aperto de mão dos dois homens, não posso fazer nada
senão esperar e pensar naquilo que dá sentido a minha existência.
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